A mulher na foto ao lado (simplesmente Greta Garbo) se tornou célebre por dizer essa fala. No momento, aliás, em alguns momentos na minha vida, isso é tudo o que eu penso.
Dos meus constantes altos e baixos, acho que estou enfrentado o maior 'baixo' na minha vida desde a gravidez, que foi o período mais deprimente de toda a minha vida.
Tá tudo estagnado. Todos os dias eu acordo infeliz, porque sei que repetirei a mesma rotina de sempre. Meu marido não me ajuda, não me entende. Há, há, grande novidade. Para ele, passar o feriadão TODO trancado dentro de casa é a maior diversão. Oops, esqueci. Sexta-feira ele saiu com os amigos e EU fiquei em casa com o bebê, só para variar, o que, aliás, eu faço todos os dias da minha vida, há oito meses quase. Não sei o que é sair, porque não tem quem fique com a minha filha. Sequer consigo ir na academia, como havíamos combinado (ele chegaria do trabalho, ficaria com o bebê e eu sairia) porque ele não 'consegue' chegar em casa num horário razoável. Então, eu que vivo em função deles, dos horários deles, estou errada em querer fazer ALGUMA COISA, QUALQUER COISA diferente daquilo que faço TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA no feriadão?
Nessas horas eu fico louca para voltar a trabalhar fora. Quando trabalhamos fora, convivemos com outras pessoas, nos distraímos, ganhamos dinheiro (e descobri hoje que, inclusive para sua família, se você não entra com algum dinheiro você não vale nada)e TEMOS FOLGA. Sim, porque o trabalho como mãe e dona de casa não tem salário, muito menos folga.
Eu amo minha filha, e não desejaria que nada acontecesse a ela. Nossa, eu ficaria louca se a perdesse. Mas não é segredo que eu nunca quis ser mãe. Ser mãe não tem nada a ver com o estilo de vida que escolhi para mim, nem com a liberdade que preciso ter. Eu queria nunca ter engravidado. Mas depois de anos e anos de casamento sem filhos, eu acabei 'relaxando'. Pode não fazer qualquer sentido para vocês, mas eu sentia como se não fosse mais acontecer. E estava OK com isso.
Eu me sinto extremamente desconfortável comigo mesma. Não queria estar na minha própria pele agora. é horrível se sentir assim, sem equilíbrio, frustrada, enlouquecida, deprimida, irritada... É horrível que a pessoa que você mais ama no mundo, e que te ama de volta, seja, ao mesmo tempo, sua maior alegria e a causa da sua infelicidade. Eu às vezes desejo fervorosamente ter interrompido a gravidez. Claro que, qualquer um que leia isso, seja romântico, ingênuo ou hipócrita, dirá que eu sou uma pessoa horrível. Talvez eu seja, mas me consola saber que não se pode amar ou sentir falta daquilo que não conhecemos. Quando se deseja muito uma gravidez, vá lá. Mas eu já disse, eu não desejava. A prova é que, embora eu tenha sido responsável e me cuidado durante toda a gravidez, eu não sentia o menor afeto pela minha filha durante a gravidez. Sentia incômodo e frustração, pois sentia que ela atravancava minha vida, enquanto a vida (e o corpo) do pai dela estavam intactos. Só fui me apaixonar por ela quando a segurei nos braços e olhei bem dentro daqueles olhinhos expressivos dela. Mas às vezes ainda sinto que ela me prende, e que isso é tão injusto! Isso é tão injusto comigo! Eu queria que o pai dela tentasse ENTENDER um pouco disso, que tentasse tornar essa jornada de cuidar de um bebê um pouco mais alegre para mim. Já que eu não posso sair sozinha e que fico presa com ela a maior parte do tempo, ele poderia me proporcionar algum lazer. Mas isso é querer demais...
Ainda ouvi coisas dele hoje... Coisas ditas no calor do momento, mas cheias de verdade. Coisas que talvez eu merecesse ouvir, mas que, no meu momento, eu não precisava. Sabe, falta isso nele. Aliás, acho que em boa parte dos homens. Ter a sensibilidade para perceber que há algo errado com sua parceira, e tentar entender o que é. Eu até gritaria que estou infeliz e deprimida, mas não adiantaria. Ele no fundo pensaria que é frescura e tudo continuaria igual.
Depois ele se desculpou, parecia sinceramente arrependido, mas não pelo que pensa a meu respeito. Sei que ele só se arrepende de ter dado voz a esses pensamentos. Eu sempre desconfiei que ele pensasse assim de mim, mas agora ter certeza tornou a situação praticamente insustentável para mim. Estou pensando seriamente em ir embora e deixar a guarda da minha filha com ele. Não sei para onde ir ou o que será de mim, mas confesso que olho para frente e sinto que se não fizer isso, acabarei me suicidando. E estou sendo sincera.
Não quero ser uma mãe bipolar e frustrada que desconta seus problemas e faz a vida da sua filha miserável. Eu vim de um lar exatamente assim, e sei o que é isso. Também não queria que ela tivesse uma família dividida como a minha, duas casas, etc. Mas acho que é mais saudável do que crescer no meio da hipocrisia, testemunhando discussões entre os pais que cada dia se suportam menos. Meu marido jura que me ama e que não fica sem mim. Quanto a mim, em determinados momentos eu mal o suporto, em alguns outros eu o odeio. Acho que é na menor parte do tempo que consigo amá-lo. Isso não é justo com ele, com a minha filha e muito menos comigo.
Ele pediu perdão pelo que disse e eu fui sincera e disse que não desculpava. Mas depois de muita insistência, já cansada demais para discutir, eu fingi aceitar as desculpas só pra ele me deixar EM PAZ. Será que ele foi denso o bastante para acreditar nisso?
Outro dia eu vi o filme 'Kramer vs Kramer' (com Meryl Streep e Dustin Hofman) e embora no final tenha torcido para o pai ficar com o filho... Eu me identifiquei tanto com a Joanna (personagem da Meryl Streep)! A história dela, do casamento deles, as circunstâncias que a levaram a deixar tudo para trás, mesmo o filho que ela sem dúvida amava, isso parece tanto com a minha vida!
Acho que é difícil abrir mão de ser você para se tornar mãe e esposa quando você sequer conseguiu descobrir quem você é. Eu conheci meu marido com 19 anos. Pouco tempo depois estávamos praticamente morando juntos e quando fiz 22 anos me casei. Hoje olho pra trás e vejo que fiz algo temerário. Aos 22 eu era uma criança ainda. Acho que ninguém deveria casar antes dos 30. Aos 30 geralmente já temos uma profissão, nossas escolhas estão encaminhadas, nossas experiências de vida são maiores e já sabemos quem somos. Por ter pulado etapas, eu não sei direito quem eu sou, e já tive que abrir mão da minha procura.
Agora eu só queria ficar só, dormir e dormir e dormir até essa fase passar e eu acordar me sentindo melhor algum dia. Mas nem isso eu posso. Talvez dormir para sempre fosse a melhor solução. Quem dera eu tivesse coragem!!!